Mastercard apoia inclusão digital de empreendedores das favelas

15 de setembro de 2022

Com o objetivo de reduzir a desigualdade tecnológica, programa Strive vai capacitar 500 mil microempresas no uso de ferramentas online, gestão de negócios e finanças 

A pandemia de Covid-19 provocou um aumento vertiginoso no uso de ferramentas digitais, mas, ao mesmo tempo, ampliou o abismo de desigualdade entre pessoas conectadas e as com pouco ou nenhum acesso ao mundo online. O mesmo vale para os negócios. Pequenas empresas vulneráveis viram suas atividades ruírem com o isolamento social e a migração das transações para as telas de computadores e de celulares. 

Para reduzir a disparidade, a Mastercard criou o Strive, um programa global que pretende auxiliar mais de 5 milhões de micro e pequenas empresas a entrar na economia digital, além de ampliar a inclusão financeira. O projeto tem investimento de US$ 25 milhões do Center for Inclusive Growth ("Centro para o Crescimento Inclusivo"), braço filantrópico da Mastercard. "Strive" significa "esforçar-se" para prosperar. 

A versão brasileira do projeto foi lançada no final de agosto, em São Paulo, e será centrada em empreendedores de comunidades de baixa renda. "O projeto tem por objetivo unir diferentes atores para criar soluções e incluir 500 mil micro e pequenas empresas na economia digital", explica Thiago Dias, vice-presidente de Estratégia de Fintech da Mastercard na América Latina. "É o começo de uma jornada que não tem respostas simples", acrescenta. 

A iniciativa tem apoio da Caribou Digital, consultoria internacional em inclusão digital. São parceiras a Cufa (Central Única das Favelas), organização que atua em favelas e periferias; Aliança Empreendedora, entidade de apoio a microempreendedores vulneráveis; e Flourish FI, plataforma de engajamento e bem-estar financeiro. O Center for Inclusive Growth destinou US$ 1 milhão para ações no Brasil. 

As instituições vão desenvolver soluções em três eixos: atração de clientes, gestão do negócio e acesso a financiamentos. A ideia é popularizar negócios via plataformas tecnológicas como WhatsApp, redes sociais e "marketplaces" de varejistas online. "Queremos incentivar o uso experimental de ferramentas já existentes", afirma Monique Vanni, gerente sênior de engajamento da Caribou. 

Lançamento do programa Strive, que vai capacitar 500 mil microempresas - Divulgação 

CAPILARIDADE 

O programa prevê o engajamento dos pequenos empreendimentos por meio de mídias sociais, influenciadores, lives e atividades presenciais. Para tanto, será utilizada a experiência e a capilaridade da Cufa. "Vamos colocar todos os nossos ativos à disposição", afirma Celso Athayde, fundador da organização. 

A Cufa está presente em todo o Brasil, e tem acesso e conhecimento sobre o público do projeto. De acordo com Athayde, os moradores de favelas não podem ser vistos apenas como consumidores - devem ser produtores do que consomem e gestores de seus negócios. "Favela não é carência, é potência", destaca. 

Sobra a estes empreendedores criatividade, iniciativa e conhecimento da linguagem de suas comunidades, mas falta capacitação para administração de empresas e finanças. 

Neste sentido, além de participar da gestão do projeto, a Aliança Empreendedora vai ajudar os microempreendedores com conhecimento para fortalecer a administração dos negócios, o que inclui o uso de plataformas digitais. 

"Vamos apoiar a adoção de ferramentas digitais em benefício dos negócios", diz Lina Useche Kempf, cofundadora da entidade. Ela conta que, na pandemia, a Aliança acompanhou microempreendedoras que se viram obrigadas a usar ferramentas tecnológicas para vender, e tiveram sucesso. "O medo e a desconfiança da tecnologia deram lugar à necessidade." 

GAMIFICAÇÃO 

Para incentivar a realização de operações online e o uso de serviços financeiros, a Flourish entra com instrumentos de incentivo. "O empreendedor quer vender mais, entender o que está entrando e saindo, e fazer o negócio crescer. Mas ninguém quer aprender ‘banquês’", observa Pedro Moura, CEO da startup. 

Com as ferramentas da empresa, o usuário concorre a um prêmio, por exemplo, ao aceitar um pagamento digital pela primeira vez, ou ganha uma recompensa pelo uso de serviços bancários, e recebe informações relevantes. 

A expectativa dos gestores do projeto é que, do universo de 500 mil pequenos negócios engajados, 150 mil sigam num processo mais profundo de capacitação e pelo menos 25 mil adotem ferramentas digitais de maneira permanente.