Open banking: o guia essencial da Mastercard

16 DE AGOSTO, 2022 | POR HAYDEN HARRISON
O open banking consolida a revolução dos serviços financeiros.

O open banking permite formas mais cômodas de controlar as nossas finanças e de administrar o nosso dinheiro, ao mesmo tempo em que simplifica o acesso ao crédito e outras operações pessoais. Além disso, promove diferentes tipos de serviços de pagamento, como pagamentos em videogames ou aplicativos contábeis para empresas.

O open banking estende o acesso a serviços financeiros a milhões de pessoas e expande a penetração de pagamentos em tempo real assim como outras tecnologias emergentes de pagamento. O open banking tem todo o potencial de mudar o ecossistema financeiro tradicional por meio da incorporação de serviços mais específicos e personalizados.

O open banking dá aos consumidores e às pequenas empresas o controle sobre onde e como usar seus dados, garantindo assim o domínio e os benefícios que eles tiram do fato de terem mais opções de pagamento, administração do seu dinheiro, acesso a crédito e mais.

Embora muitos de nós já utilizemos os serviços oferecidos pelo open banking, poucos estão familiarizados com essa tendência e com o que há por trás dela. Então, vamos lá, o que é exatamente o open banking? 

  1. O que é open banking?

Simplificando, o open banking oferece a possibilidade de compartilhar os dados das contas para ter acesso a novos serviços financeiros.

Tradicionalmente, só você e o seu banco tinham acesso aos seus dados financeiros. O open banking permite que você compartilhe seus dados com outros provedores de serviços financeiros -seja outra instituição financeira ou um terceiro- para usá-los de maneira mais benéfica. Esses terceiros podem ser fintechs, corretoras, comerciantes e outras plataformas digitais.

Compartilhar os dados bancários com outros provedores permite acessar novos e melhores serviços financeiros -principalmente por meio de aplicativos-, incluindo aqueles que simplificam o acesso ao crédito e à gestão do dinheiro através de uma única interação. Esse processo funciona de forma semelhante às permissões que você habilita no celular para acessar uma foto ou compartilhar sua localização, porém de maneira bem mais robusta.

É provável que você já esteja usando o software de open banking sem sequer saber, porque ele opera vários aplicativos financeiros muito populares, como Robinhood, para compra e venda de ações, e Rocket Mortgage, para gerenciamento de hipotecas. O New Payments Index 2022 da Mastercard, um estudo global realizado com 35.040 consumidores em 40 países do mundo, revela que mais pessoas usam open banking do que elas estão cientes: apenas metade dos entrevistados sabe o que é, mas dois terços deles recorrem ao open banking para pagar suas contas ou administrar o seu dinheiro.

 

  1. Quais são os tipos de serviços o open banking oferece?

Pense na última vez que você pediu um empréstimo: toda aquela papelada necessária para provar que você é elegível e todos os documentos que você precisou reunir de diferentes fontes. Imagine agora que toda essa informação esteja disponível a um clique. Isso é possível graças ao open banking, que também dispensa todo aquele trabalho de compilar, enviar e verificar extratos bancários e informações financeiras adicionais, tornando tudo mais rápido e eficiente.  

Compartilhar a sua informação bancária também lhe permite acessar serviços financeiros mais inovadores e adaptados às suas necessidades, que otimizam o tratamento dos seus dados. Muitos de nós temos contas em diferentes bancos e operadoras. O open banking permite reunir a informação de todas as nossas contas em um único painel de controle para ter tudo acessível em um lugar só. E ainda promove uma gestão inteligente: alguns provedores de serviços financeiros aplicam Inteligência Artificial para reconhecer padrões que podem ser úteis para fazer um orçamento ou para ajudar você a gerenciar melhor seu dinheiro.  

Em alguns mercados, como Reino Unido, União Europeia, Índia e Estados Unidos, o open banking inclui opções para que as pessoas autorizem terceiros a usar as suas contas para fazer pagamentos. Isso maximiza a aquisição de poupanças e investimentos, e ajuda a evitar cobranças de juros quando autorizamos um prestador de serviços a movimentar dinheiro entre contas. O open banking impulsiona uma forma mais rápida e segura de fazer pagamentos online: em vez de abrir o aplicativo do seu banco ou usar qualquer outra interface de pagamento online, você pode fazer transferências através da plataforma que estiver usando. 

Isso tudo também está disponível para empresas. As novas ferramentas se articulam com os sistemas administrativos das empresas para lidar com pagamentos e cobranças, fazer transferências em tempo real  e melhorar a visibilidade das suas finanças.

O open banking permite reunir a informação de todas as nossas contas em um único painel de controle para ter tudo acessível em um lugar só.

 

  1. O open banking pode contribuir para inclusão financeira?

Em alguns casos, o open banking pode aproximar certas ferramentas de gestão financeira das pessoas e empresas que não tinham acesso a esses serviços antes.

Um exemplo próximo é o daquelas pessoas que não têm histórico de crédito.  Como os credores costumam pedir relatórios de crédito atualizados, esses grupos geralmente têm problemas para acessar o crédito. O open banking pode lhes ajudar dando prova da sua solvabilidade com folhas de pagamento, histórico dos pagamentos de aluguel ou fluxo de caixa.

  1. Como funciona o open banking em todo o mundo?

O open banking já existe há algum tempo. Mas só agora faz manchetes porque os serviços que permite -da integração de contas a pagamentos- estão sendo demandados por consumidores e empresas.

Em alguns países do mundo, como os Estados Unidos, o open banking está orientado à indústria. As fintechs mais inovadoras procuraram o acesso aos dados das pessoas para lhes oferecer serviços financeiros melhores e mais personalizados, enquanto os bancos -que também viram uma oportunidade- tomaram a iniciativa de desenvolver serviços que permitam a seus clientes compartilhar dados.

Em outros lugares, o open banking é incentivado pela regulamentação, principalmente para estimular a concorrência e a inovação. O melhor exemplo está na Europa. Lá, a União Europeia atualizou  o Payment Services Directive (PSD2), que instruiu os bancos a permitir que seus clientes compartilhassem suas informações com outros provedores financeiros a partir de 2019. O rastreador do open banking da Mastercard revela que -no primeiro trimestre de 2022- 535 provedores se registraram para compartilhar informação sobre contas ou serviços de iniciação de pagamentos com reguladores nacionais na Europa.

Na Austrália, a regulamentação vai ainda mais longe: inclui as caixas de poupança, contas de investimentos e de aposentadoria, e existem planos para estendê-la para os serviços públicos, telecomunicações e informação de viagens no futuro. Isso quer dizer que um provedor de serviços financeiros oferece a uma pessoa uma visão holística das suas finanças e uma gama mais ampla de produtos financeiros

Na América Latina, o Brasil é o país mais avançado no que diz respeito ao open banking. Em março o Conselho Monetário Nacional anunciou oficialmente o projeto Open Finance no Brasil. O modelo, até então denominado open banking e puramente voltado para dados e serviços relacionados a produtos bancários tradicionais, passa a configurar-se como uma estratégia mais ampla, e contempla a integração de dados de outros serviços financeiros como de credenciamento, câmbio, investimentos, seguros e previdência.

 

  1. O open banking é seguro?

Sim. Você escolhe o acesso aos seus dados financeiros e aqueles aspectos dos dados que você quer compartilhar, assim como também com quem deseja compartilhá-los, claro. Se você mudar de ideia depois de compartilhar os seus dados com um provedor, pode cancelar essa permissão a qualquer momento.  

As plataformas confiáveis de agregação de dados facilitam o acesso seguro aos seus dados através de conexões tradicionais (com segurança melhorada nível bancário) e APIs, que significa Application Programming Interface (interface de programação de aplicação). As APIs permitem ligar o software de uma empresa com o software de outra para obter informação em tempo real.

Para reforçar a sua segurança, a indústria avança no desenvolvimento de um acesso mais “tokenizado”, também conhecido como “Open Authorization” ou “oAuth”. As conexões oAuth funcionam entregando a informação em um “token”, uma opção criptografada dos dados bancários  que impede que esses dados sejam usados em caso de fraude.

Nos mercados regulamentados, há vários procedimentos para proteger você (e os seus dados) contra possíveis fraudes.

Há vários procedimentos para proteger você (e os seus dados) contra possíveis fraudes.

Na Europa, por exemplo, os provedores devem se registrar numa agência reguladora nacional para oferecer serviços de open banking. Unicamente os provedores registrados podem acessar à informação da sua conta com seu consentimento explícito, que você pode retirar se você quiser. Os provedores também devem provar que cumprem os procedimentos preventivos de segurança antifraude e os níveis mínimos de serviço para proteger a sua informação. 

A incorporação de padrões comuns ajuda a estabelecer como os dados são gerados, compartilhados e acessados. Esses padrões são emitidos por organismos nacionais reguladores, como o Financial Data Exchange (FDX) dos Estados Unidos, que reúne um grupo amplo de bancos, fintechs e empresas de serviços financeiros em torno de um único padrão de intercâmbio de dados, que pode agilizar a adoção de estruturas API do open banking, inclusive globalmente.

Enquanto isso, a Mastercard, que simplica o compartilhamento de dados e o torna seguro e mais rápido por meio das Soluções de Open Banking -e que adquiriu Finicity e Aiia para se expandir nos Estados Unidos e na Europa respectivamente-, continua a colaborar com os jogadores principais do setor para definir e desenvolver as regras e processos que resolvam as dúvidas e diferenças que o open banking apresenta no ecossistema global.

 

Essa matéria foi publicada originalmente no 5 de maio de 2021. Foi atualizada para incluir novos resultados de pesquisas com consumidores, o número de empresas registradas em reguladores nacionais na Europa e os mercados com iniciativas de open banking, e a notícia sobra a aquisição de Aiia pela Mastercard.

Contato de imprensa

Andrea Denadai, Mastercard