Responsabilidade de dados em um mundo cada vez mais digital: 5 coisas que você precisa saber

11 DE AGOSTO, 2022 | POR Vicki Hyman
A análise de dados tem todo o potencial para resolver problemas sociais profundos, como a pobreza e a mudança do clima. Mas só se as pessoas puderem confiar que sua privacidade é protegida.

As violações de dados e o uso indevido de dados pessoais mexeram com a confiança dos consumidores, e recuperá-la deveria ser uma das prioridades de qualquer organização. Em um amplo debate organizado pelo Departamento de Proteção de Dados do Banco Mundial junto com o Centro de Políticas para a Economia Digital da Mastercard em Washington, D.C., em junho passado, especialistas em privacidade de dados enfatizaram que, para manter a confiança de um público cauteloso, é necessário um forte compromisso com principios sólidos de dados e padrões internacionais comuns sobre privacidade, dados e tecnologias emergentes.

“As organizações do setor privado e as insituições públicas são cada vez mais responsáveis pela governança de dados pessoais, que devem ser tratados com o respeito e cuidado que merecem”, disse Rahyab Lari, Presidente e Diretor de Informação e Operações do Banco Mundial. “Precisamos ganhar a confiança das pessoas, e isso não é possível sem boas práticas de governança.”

Laria abriu o debate sobre Privacidade, Confiança e Gestão da Informação na Era Digital da Inovação Acelerada, que contou com a presença da Caroline Louveaux, Diretora de Privacidade da Mastercard, e da Tami Dokken, Diretora de Privacidade de Dados do Banco Mundial.

Estas são as cinco principais conclusões:

 

01
A taxa atual de geração de dados é apenas a ponta do iceberg.
Nossas interações digitais estão crescendo, assim como as novas tecnologias, como 5G, Inteligência Artificial e o Edge Computing. Essas inovações, que não poderiam existir sem os nossos dados, são proporcionalmente úteis aos dados pessoais que recolhem e usam. “Isto quer dizer que muitos mais dados pessoais serão recolhidos e usados de maneiras que nem conseguimos imaginar”, disse Laouveaux. “Isso traz alguns desafios. Por exemplo, quem vai administrar os dados em um mundo descentralizado? Como vamos proteger as pessoas da coleta excessiva de dados e do uso indevido da sua privacidade? Quem será considerado responsável se as coisas derem errado?”

 

02
Uma multiplicidade de regulações não é sustentável.
Na atualidade, 190 países do mundo têm algum tipo de regulação sobre privacidade de dados, muitos dos quais foram modelados na europeia General Data Protection Regulation, ou GDPR, mas adaptados às normas e ao contexto local. Outros países estão avaliando leis de localização de dados, que exigem que os dados sejam armazenados e processados dentro das fronteras de cada país, o que aumenta a complexidade e os custos para as empresas privadas, além de reduzir a inovação, disse Louveaux. Para a Mastercard, essas regras impedem a companhia de monitorar globalmente fraudes e crimes cibernéticos, que não conhecem fronteiras. Mas há iniciativas promissoras, adicionou, como o Asia-Pacific Economic Cooperation Cross-Border Privacy Rules System, que desenvolveu um processo de certificação para aquelas empresas que cumprem as normas internacionais de privacidade de dados, o que lhes permite compartilhar dados dentro de uma região. Este esquema regional está agora evoluindo para um Fórum Global de Fluxo de Dados, aberto a cualquer país do mundo.

 

03
A privacidade de dados não é um artigo de luxo.
A população dos países em desenvolvimento, especialmente os mais vulneráveis, merece poder dispor de uma robusta proteção de dados, concordam as especialistas. Muitos desses países têm taxas de conectividade, uso de dispositivos móveis e redes socias até mais elevados do que alguns países desenvolvidos, e 60% de sua população tem menos de 25 anos: nativos digitais prontos a se envolver com a proteção de dados.

Dokken citou um estudo do Quênia e da Índia que avalia diferentes tipos de empréstimos: um empréstimo padrão que inclui a proteção de dados pessoais e outro bem mais barato que usa esses dados para fins de marketing. Em sua grande maioria, os participantes do estudo escolheram os pacotes mais caros com proteção de dados.

Dokken diz que o Banco Mundial está implementando uma política de privacidade para preservar a confiança e proteger os dados pessoais, principalmente dos segmentos mais vulneráveis. Louveaux destacou também um objetivo que compartilham a Mastercard e o Banco Mundial: maximizar o impacto social por meio do processamento adequado de dados.

 

04
É preciso melhorar a educação - e mais talento no pipeline de dados.
É imperativo começar a educar as pessoas nas questões de privacidade de forma mais abrangente, incluindo o treinamento de funcionários e a inclusão dos princípios de privacidade de dados no currículo escolar. “O mercado de talentos de dados e privacidade se tornou incrivelmente competitivo; atrair e reter esses talentos é uma das principais prioridades para nós”, disse Louveaux.

 

05
A privacidade é um caso de negócios claro.
O conceito “privacidade por design” introduz a questão da privacidade em quase todos os níveis de desenvolvimento de produto, de cima para baixo, disse Louveaux. Essa é a abordagem usual da Mastercard, juntamente com seus princípios de responsabilidade de dados: as pessoas são donas dos seus dados, elas devem controlá-los e se beneficiar deles. Mas há uma idéia de que a privacidade por design pode adiar o processo de desenvolvimento de produto e o tempo de lançamento no mercado, acrescentou um membro da audiência. Dokken respondeu: “Gosto de como você disse uma ideia, porque poderia não ser assim”.

 

Proteções de privacidade são recursos que os clientes pedem, disse Louveaux, e as empresas que as ofereçam terão mais sucesso. “Um produto desenvolvido com privacidade por design será bem recebido por clientes e consumidores, além de ser mais sustentável. Se não for bem feito desde o começo, é uma receita para desastre depois. No final das contas, vão sair perdendo de qualquer modo".

Contato de imprensa

Andrea Denadai, Mastercard